Militar britânica se enforca após bullying por ter acusado colegas de estupro

BBC Brasil

A mãe de uma militar britânica que se suicidou em outubro passado disse à BBC que sua filha se matou depois de ter sofrido bullying por acusar dois colegas de estupro.


A filha de Alexandra Barritt's, a soldado de Infantaria Anne-Marie Ellement, 30 anos, foi encontrada enforcada em Bulford Camp, em Wiltshire, Inglaterra.


Alexandra afirma que ela foi estuprada por dois homens, mas procuradores militares não acataram a denúncia.


O Ministério da Defesa afirma que vai investigar as acusações. Um porta-voz disse: "À luz das alegações que emergiram... a Policia Real Militar está examinando se as ações tomadas estavam de acordo com os padrões e valores das Forças Armadas. Antes da morte, a oficial Ellement recebeu apoio do Exército, o que continuou ocorrendo até sua morte. O Exército tem tolerância zero com bullying e assédio moral junto a seu pessoal".


Alexandra, porém, disse que a filha foi abandonada. "O caso do estupro foi o que começou tudo e deveria ser reaberto. Ela me escreveu dizendo estar vivendo um inferno. Quero ver justiça para Anne-Marie porque não houve justiça antes. Ela me disse que estava deprimida, cansada do Exército e que queria sair", disse.


'Quase ninguém fala comigo'

O sonho de Anne-Marie era se tornar soldado e seguir a carreira de seus pai e avô no Exército, afirmou a mãe da militar.

Ela ingressou na polícia militar, mas depois de ter feito as acusações de estupro, sua vida começou a se complicar.


Depois de uma investigação da Procuradoria Militar Independente, foi decidido que as acusações não seriam aceitas. Mas, de acordo com Alexandra, Anne-Marie sofreu bullying, algumas vezes em campanhas na internet, por colegas de Bulford Camp.


Em um email a um amigo a soldado disse: "Quase ninguém fala comigo. É como se eu tivesse inventado tudo, tivesse feito algo errado, capaz de destruir minha carreira e fazer com que eu perdesse todos os meus amigos".


A militar foi encontrada enforcada no dia 9 de outubro do ano passado. Em março, um veredito dado na corte de Salisbury confirmou o suicídio.


Um porta-voz da Justiça afirmou "que o uso inapropriado de mídias sociais não foi considerado um fator determinante para o suicídio" durante a investigação da morte.


Mas Alexandra afirma que a morte da filha não deveria ser em vão.


"Acho é necessário mais apoio a mulheres que acusam colegas soldados de abuso sexual. Ela era iluminada, vibrante, tinha um coração generoso, amava crianças e animais e tinha muitos planos para o futuro. Todos os membros da nossa família estão devastados porque Anne-Marie era uma filha, irmã e tia muito amada".

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