Economia ucraniana entra em crise sistêmica

A economia da Ucrânia está perto do colapso. O “aperto de cintos” forçado, o aumento das tarifas e os gastos com as operações militares no sudeste do país – tudo isso pode destruir em breve a economia do país.


Serguei Duz | Voz da Rússia

A situação econômica da Ucrânia piora literalmente a cada dia que passa. As turbulências políticas tiveram uma influência extremamente negativa nas finanças públicas. Comparando com o período homólogo de 2013, a redução dos contratos públicos foi de quase 40%. As vendas de automóveis novos caíram 45% no mercado interno.

Ficou praticamente parado o investimento público nas diversas áreas da indústria ucraniana. O financiamento dos orçamentos públicos central e locais enfrentam graves dificuldades. No geral, o descalabro da economia nacional está adquirindo um caráter catastrófico.

A Ucrânia se está transformando num apêndice pobre dos países desenvolvidos destinado a fornecer matérias-primas e a perspectiva de adesão ao mercado comum europeu não irá contrariar essa tendência destrutiva.

Contudo, seria incorreto atribuir as culpas por esta situação apenas ao poder atual. Nas duas décadas e meia de independência, a economia da Ucrânia não demonstrou a mais pequena capacidade para se desenvolver. Pelo seu PIB ela nem sequer atingiu os níveis de 1990 e perdeu muitas áreas de produção tecnológica.

Agora, porém, a desindustrialização do país aumentou exponencialmente. A Ucrânia está entrando numa depressão deflacionista – o tipo de crise mais grave. A economia irá cair ainda mais se a Ucrânia entrar no “espaço de comércio livre” da União Europeia e prosseguir sua política impensada de integração europeia. Diz o analista Vassili Ukharsky:

“Não podemos esquecer que a Ucrânia, tal como muitos países do antigo espaço soviético, herdou um volume bastante elevado de indústrias localizadas no seu território. Mas atualmente elas se encontram num estado bastante lastimável. Os ativos já se encontram bastante degradados. Existem grandes problemas nas infraestruturas. Isso inclui também o Sudeste da Ucrânia”.

A economia ucraniana já não estava muito bem antes de todos estes trágicos acontecimentos. No ano passado ela demonstrou uma notável redução em todas as esferas de atividade, exceto na agricultura (a indústria transformadora, por exemplo, se reduziu em 4,7%). A ironia reside em que a queda definitiva da Ucrânia para o abismo da crise econômica foi apenas prevenida pelo comércio com a Rússia, mas este ano Kiev corta, com suas próprias mãos, os laços econômicos russo-ucranianos, condenando seu povo a uma existência de miséria.

Entretanto, não podemos perder de vista que a diferença entre o desenvolvimento econômico do Sudeste e do Ocidente da Ucrânia é enorme. Apenas os distritos de Donetsk e de Dnepropetrovsk, por exemplo, até há pouco tempo eram responsáveis por um terço das exportações ucranianas, enquanto os sete distritos mais ocidentais juntos dificilmente chegavam a 1/14 das mesmas. Segundo as estatísticas, o índice de desenvolvimento humano de toda a Ucrânia é previsivelmente baixo, mas, digamos, o de Carcóvia no leste ultrapassa significativamente o de Ternopol na parte ocidental.

Temos de reconhecer que a degradação da economia não é o único, nem o principal, desafio sistêmico que a Ucrânia enfrenta. Desse ponto de vista podemos considerar como os mais perigosos a fratura social e a guerra civil sangrenta e sem esperanças de uma paz a curto prazo. Sem a resolução desses problemas a economia nacional não poderá ser recuperada.

Segundo a opinião dos peritos, a única saída para a atual crise econômica é a prévia resolução das contradições políticas com base no diálogo e da federalização do país.


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