Rebeldes faturam US$ 1 milhão por dia com contrabando de petróleo no Iraque

O petróleo in natura é extraído de campos de exploração localizados ao sul da cidade de Mosul e vendido na Turquia e Irã


Do UOL, em São Paulo

Rebeldes do EIIL (Estado Islâmico do Iraque e do Levante) arrecadam cerca de US$ 1 milhão (R$ 2,2 milhões) por dia com o contrabando de petróleo não refinado para a Turquia e o Irã, segundo reportagem do britânico "Telegraph". O petróleo in natura é extraído de campos de exploração localizados ao sul da cidade de Mosul, área do Iraque conquistada pelos jihadistas islâmicos, e vendido por cerca de US$ 25 (R$ 55,54) o barril, preço estimado por especialistas.

Intermediários que ficam na região curda do Iraque conseguem um lucro considerável sobre o produto in natura com a venda para exterior para o refino do petróleo e a obtenção de diesel, produtos mais valiosos.

Segundo a publicação especializada "Iraq Oil Report", a cidade de Tuz Khurmatu, na fronteira da região curda do Iraque, concentra a maior parte das negociações, onde compradores receptam comboios de tanques enviados pelo EIIL. O analista Shwan Zulal, especializado na indústria iraquiana de petróleo, afirma que os jihadistas islâmicos estão retirando o produto dos campos de exploração situados nos mais de 240 m² que eles dominaram.

Com a conquista da cidade de Mosul, no mês passado, o EIIL ganhou o controle sobre o oleoduto Kirkuk/Ceyhan, o maior oleoduto do país, e a refinaria de petróleo Baiji, a mais importante refinaria.

"Em certo aspecto, é mais fácil para o EIIL cavar um buraco e deixar o óleo correr pelos dutos para um caminhão. A refinaria de Baiji é um enorme complexo que pode não estar totalmente sob controle, e ainda precisa de outros suprimentos (para funcionar)", disse Zulal. "A situação permite ao EIIL fazer negócios vantajosos e ganhar dinheiro com vendas de petróleo bruto em diferentes partes do Iraque."

Os rebeldes também dizem ter dominado os campos de exploração da petroleira síria Euphrates. Especialistas que acompanham o grupo desde quando ele era um braço do Al-Qaeda no Iraque dizem que o EIIL vê no petróleo um item chave para o seu crescimento.

Hassan Hassan, um especialista que vive no Golfo, informou que os rebeldes conseguiram reduzir o preço da gasolina na cidade de Deir al-Zour em 75% depois de garantir a lealdade das milícias da cidade rebelde na semana passada. Relatos dizem que o Estado Islâmico gastou dezenas de milhares de dólares instalando geradores a diesel em áreas conquistadas para fornecer eletricidade aos seus novos parceiros.

As exportações iraquianas recentemente atingiram a marca de 3 milhões de barris por dia, acima do nível de antes de 2003, quando os Estados Unidos invadiram o país para derrubar Saddam Hussein. Quase todo o petróleo cru exportado é explorado dos campos de Shia, no sul do país, lado livre dos ataques rebeldes. Mas o domínio de campos de petróleo importantes representa um forte golpe em Bagdá e enche o cofre dos rebeldes para comprar a lealdade dos sunitas do norte do Iraque.

Jordan Perry, especialista em Iraque da consultoria de risco Maplecroft, acredita que o EIIL caminha para se tornar uma versão jihadista do Hamas, que se valeu de serviços comunitários e programas sociais para controlar a Faixa de Gaza. "Se o EILL está realmente faturando US$ 1 milhão por dia com petróleo iraquiano e o transportando para onde ele pode ser vendido, isso significa que ele está ganhando novas entradas de recursos para comprar armas, assegurar o controle de milícias e chefes tribais, que, em troca de dinheiro, negarão qualquer relação com Bagdá", diz. "Os recursos também dão aos rebeldes a possibilidade de copiar a estratégia do Hamas de prover serviços de saúde e educação, se aproximando sua relação dos nativos".



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