Regiões russas deixarão de receber refugiados da Ucrânia

A questão da imigração ucraniana e o conflito entre Kiev e o movimento Maidan são alguns dos destaques da imprensa da Rússia sobre a situação no país.


Sofia Savina | Gazeta Russa

As regiões de Moscou, São Petersburgo, Rostov, Chechênia e Crimeia deixarão de conceder status de refugiado temporário a cidadãos da Ucrânia, devido ao esgotamento de cotas, informou o jornal russo “Kommersant”. De acordo com a publicação, o Serviço Federal de Migração russo irá custear o envio dos imigrantes para outras regiões.

O jornal lembrou que mais de 140 mil pessoas já recorreram ao governo russo para conseguir abrigo temporário e autorização temporária de residência, e 60 mil já receberam status de refugiado. Ainda de acordo com o “Kommersant”, o número de pessoas que se viram forçadas a mudar para a Rússia desde o início da crise na Ucrânia é de cerca de 500 mil pessoas.

Hoje, as regiões que recebem mais refugiados são as áreas fronteiriças com a Ucrânia, regiões da Rússia central e o Extremo Oriente (Iacútia, unidades federativas de Magadan e Tiumen). O "Kommersant" informou ainda que imigrantes continuam chegando a Moscou, mas a capital russa não destina nenhuma verba extra de seu orçamento aos refugiados.

O jornal "Novaia Gazeta" publicou que países do Ocidente bloquearam o projeto proposto pela Rússia no Conselho de Segurança da ONU pedindo uma trégua no local da queda do avião da Malaysia Airlines em Donetsk, na Ucrânia. O jornal citou declarações do representante permanente da Rússia na ONU, Vitali Churkin, que disse que vários países, entre os quais Lituânia, EUA e Austrália, começaram a propor emendas cuja inclusão no texto é inaceitável para o Kremlin. De acordo com a Lituânia e os Estados Unidos, na petição não há crítica das ações daqueles a quem chamam de separatistas.

Segundo a opinião do representante permanente da Rússia citada no jornal, "a rejeição da trégua aprovada pela resolução 2166 do Conselho de Segurança da ONU constitui violação direta de tal resolução, e agrava seriamente a oportunidade dos inspetores internacionais, que decidirão voltar ao local para continuar a investigação".

Segundo o jornal "Vzgliad", o confronto na praça da Independência, no centro de Kiev, continua tão intenso quanto na época do governo do presidente Viktor Ianukovich. A publicação informou que na última semana autoridades ucranianas tentaram liberar a praça e, em resposta, militantes armados com fuzis tomaram um edifício nas proximidades da prefeitura. Os manifestantes entraram em confronto com a polícia, que foi forçada a recuar.

De acordo com um especialista citado pela publicação, o que está acontecendo é uma tentativa de repressão do Maidan, movimento de protesto pró-ocidental de Kiev. "Vemos que a liderança ucraniana, que chegou ao poder por um golpe de Estado possibilitado pela existência do Maidan, agora quer se livrar dessas pessoas rapidamente", disse o diretor do Instituto dos Países da Comunidade dos Estados Independentes, Konstantin Zatulin.

Ele está seguro de que muitos dos manifestantes estão sinceramente convencidos de que, no final das contas, seus objetivos não foram alcançados e se tornaram ainda mais distante do que antes. "A fim de não se submeter à sensação desagradável constante de ter que olhar nos olhos dessas mesmas pessoas, o governo põe o Maidan em debandada”, declarou Zatulin. “É impossível que no centro de um Estado europeu esteja uma revolução permanente. Eles fizeram seu trabalho para o atual governo e agora não são necessários.”



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