Aviões de coalizão internacional lançam 50 ataques contra o EI na Síria

Alvos eram províncias de Al Raqqah e Deir ez Zor.
Ataque é o primeiro realizado pelos EUA contra o grupo na Síria.


Do G1, em São Paulo

Os aviões da coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos lançaram nesta terça-feira (23) 50 ataques contra alvos do grupo Estado Islâmico (EI) nas províncias sírias de Al Raqqah e Deir ez Zor, onde causaram um número indeterminado de vítimas, informou o Observatório Sírio de Direitos Humanos.

A operação é a primeira feita pelos EUA contra o Estado Islâmico na Síria.

A aviação internacional lançou 20 bombardeios contra bases e postos de controle da organização extremista em Al Raqqah, seu principal bastião no território sírio, e em sua periferia norte e oeste, assim como nas localidades de Tel Abiad, Tabaqa e Ain Aisa.

Eles atingiram campos de treinamento, bases e suprimentos de armas.

Um dos alvos dos ataques foi a antiga sede do governo provincial de Al Raqqah, que o EI tinha transformado em um de seus quartéis mais importantes.

Os ataques também tiveram como alvo o braço da Al-Qaeda conhecido como grupo Khorasan, que preparava um ataque "iminente" contra os Estados Unidos e alvos ocidentais, informou nesta terça o Pentágono.

"Os EUA lançaram oito ataques contra o grupo Khorasan ao oeste de Aleppo em campos de treinamento, depósitos de explosivos e instalações de controle e comunicações", explicou o Comando Central americano em um comunicado.

O governo da Síria informou que respalda os esforços internacionais para o combate do Estado Islâmico. "A Síria respalda qualquer esforço internacional para combater o terrorismo, como o do Daesh (um dos acrônimos em árabe do EI) e da Al-Nosra, mas insistindo no respeito da soberania nacional e de acordo com a legislação internacional", afirma um comunicado ministerial.

Militantes do Estado Islâmico carregam uma van com o que eles dizem ser os destroços de um drone americano que caiu ao atingir uma torre de comunicação na cidade de Raqqa, na Síria (Foto: AFP/RMC)Militantes do Estado Islâmico carregam uma van com o que eles dizem ser os destroços de um drone americano que caiu ao atingir uma torre de comunicação na cidade de Raqqa, na Síria (Foto: AFP/RMC)

Vítimas

Nestes bombardeios, pelo menos 50 pessoas morreram, entre elas extremistas, apesar de o EI ter esvaziado suas bases na semana passada diante da iminente ofensiva americana.

Entre os mortos estão 30 integrantes da frente al-Nusra, braço da Al-Qaeda, e oito civis, entre eles uma criança, segundo o observatório.

Em Deir ez Zor, os aviões internacionais efetuaram 22 ataques contra as bases do EI na cidade de Al Bukamal, fronteiriça com o Iraque, e seus arredores, e lançaram outros oito na periferia leste da cidade de Deir ez Zor.

O ativista Mohammed al Jalif, da opositora Rede Sham, explicou à Agência Efe pela internet que os bombardeios em Al Bukamal atingiram a Escola Industrial - uma das bases do EI na região - e vários silos e postos de controle dos jihadistas.

Segundo Jalif, há um número indeterminado de mortos e feridos e os ataques causaram a destruição de muitos edifícios.

Envolvidos

Segundo a emissora de TV americana CNN, os envolvidos nos ataques, além dos EUA, são apenas países árabes.

A Otan negou seu envolvimento nos lançamentos, segundo a Reuters.

O porta-voz do Departamento de Defesa americano, contra-almirante John Kirby, anunciou na noite de segunda (22) que os EUA e nações aliadas tinham iniciado a ofensiva de ataques aéreos contra o EI, com uma combinação de caças, bombardeiros e mísseis Tomahawk.

A operação foi exclusiva das forças dos EUA, enquanto os ataques aéreos contra o EI contam com a participação das "nações aliadas'" do Bahrein, Jordânia, Catar, Arábia Saudita e Emirados Árabes, confirmou o Pentágono nesta terça.

Com o início dos ataques na Síria já estão em andamento todas as operações da ofensiva contra o EI anunciadas por Obama em um solene discurso à nação no último dia 10 de setembro.

Síria

O governo da Síria disse depois dos ataques que foi avisado por meio de uma carta enviada pelo secretário de Estado dos EUA, John Kerry, sobre a possibilidade de ação no país contra o EI. O documento foi entregue pelo ministro das Relações Exteriores iraquiano, e informava sobre os planos dos EUA e de seus aliados de atacar o EI.

A entrega aconteceu horas antes do início da operação.

Em um comunicado lido na TV, o governo sírio disse que continuará atacando o EI em Raqqa e Deir al-Zor – áreas no leste e norte da Síria que foram atingidas nesta terça. O governo também disse que sua coordenação com o governo xiita iraquiano em Bagdá para os combates continuará.

A oposição manifestou apoio aos bombardeios.

"Esta noite, a comunidade internacional se uniu à nossa luta contra o Estado Islâmico no Iraque e Levante na Síria", afirmou o presidente da Coalizão Nacional Síria (CNS), Hadi al Bahra, que usou o nome anterior do grupo.

"Estamos prontos para nos coordenarmos com nossos aliados e maximizar o impacto dos bombardeios contra o EI", afirmou Bahra, que se encontra em Nova York para assistir nesta semana às reuniões da Assembleia Geral da ONU.

Bahra insistiu que não bastam os ataques contra os jihadistas no Iraque, que, segundo sua opinião, não funcionarão se permitirem que o EI siga operando, recrutando e treinando pessoas dentro da Síria.

Nos últimos dias, o Estado Islâmico assumiu o controle de 60 localidades da região de Kobaneh, o que provocou a fuga de mais de 130.000 curdos sírios para a Turquia.

Na outra frente do conflito sírio, o exército israelense anunciou que derrubou nesta terça um avião sírio, ao que parece um MIG-21, que havia se aproximado da linha de demarcação nas colinas de Golã.

O ataque às posições do EI na Síria representa uma nova fase da guerra dos Estados Unidos contra a organização, que teve início em 8 de agosto, data dos primeiros bombardeios no Iraque.

Na segunda-feira (22), o EI divulgou um apelo aos muçulmanos no qual pedia a morte de cidadãos dos países que integram a coalizão internacional contra a jihad, em particular Estados Unidos e França.


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