OTAN não pretende resolver conflito na Ucrânia por via militar

Está decorrendo no Reino Unido a cúpula dos países-membros da OTAN. Uma das questões principais dos dois dias de encontro é o formato da ajuda a Kiev. No final da reunião da comissão Ucrânia-OTAN o secretário-geral da Aliança Atlântica Anders Fogh Rasmussen confirmou que a OTAN irá patrocinar a Ucrânia financiando a modernização de suas Forças Armadas. Outra questão fundamental do encontro é a criação de Forças de Reação Rápida que serão colocadas na Europa Oriental.


Ekaterina Ivanova | Voz da Rússia

Falando de fornecimentos de armamento ao exército ucraniano, o secretário-geral da Aliança declarou que o bloco militar “não está envolvido em fornecimentos de equipamento” porque não possui capacidade militar. “Ela pertence aos aliados individuais, por isso se trata de decisões nacionais e nós não iremos interferir”, disse ele.

Respondendo à pergunta da imprensa ucraniana sobre como se pode falar de uma ajuda real à Ucrânia sem fornecer armamento, Rasmussen sublinhou que ninguém desejaria uma solução militar para o conflito. Por mais duras que sejam as críticas ocidentais contra Moscou, ninguém pretende combater contra a Rússia pelos interesses ucranianos. Na opinião dele, o Ocidente pode recorrer a mais sanções contra a Rússia atingindo mesmo o seu completo isolamento econômico. O perito do Instituto de Estudos Internacionais de Gante Sven Biscop afirma:

“Eu não penso que a OTAN introduza tropas na Ucrânia para fazer frente à Rússia. A OTAN está atuando nessa questão com bastante prudência. Até agora nenhumas tropas da OTAN entraram no território da Ucrânia. O aumento do contingente militar nas fronteiras com a Rússia é feito para assegurar os próprios países-membros, uma forma de demonstrar que esse território é inviolável. O objetivo definido é evitar uma intervenção militar. Na prática nós já aceitámos o fato de a Crimeia fazer parte do território russo. Assim, todas essas ações são uma forma de conservar a face.”

Rasmussen declarou que a Aliança estava disposta a ajudar a Ucrânia a construir um exército forte, assim como apoiar as reformas militares no país. Ele confirmou que foi criado um fundo fiduciário para a Ucrânia de forma a financiar quatro áreas. A logística, os sistemas de comando e controle, a defesa cibernética e o auxílio ao pessoal militar, incluindo tratamentos de militares no estrangeiro. A Aliança irá afetar 50 milhões de dólares, sem contar as ajudas bilaterais. Se sabe que a Ucrânia também acordou com a Alemanha a criação de um fundo semelhante.

As decisões da cúpula também serão orientadas para a defesa da integridade territorial dos Países Bálticos, apesar de eles não sofrerem a ameaça de ninguém. O tema central no País de Gales é a criação pelo bloco militar das chamadas Forças de Reação Rápida. Antes do início da reunião, o premiê britânico David Cameron e o líder dos EUA Barack Obama publicaram um artigo em que apelaram à OTAN para que esta assegure uma presença militar permanente na Europa Oriental. O Reino Unido, a Dinamarca, a Letônia, a Lituânia, a Estônia, a Noruega e a Holanda concordaram com a participação de efetivos seus nessa nova estrutura.

A dimensão do agrupamento será de quatro mil efetivos. Na qualidade de bases militares a direção da OTAN pretende usar instalações militares na Polônia, na Romênia e nos Estados Bálticos. No entanto essa questão terá de ser acordada com os países em cujo território estará provavelmente baseado o contingente militar da Aliança. Não existe um apoio unânime a essa iniciativa: ela não é popular em muitos países europeus, nomeadamente na França, na Itália, na Espanha, assim como na Eslováquia e na República Tcheca. Contudo há a orientação para uma mobilização da Aliança, pois a “consistência da Aliança Atlântica” está em cima da mesa.



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