OTAN e economia: como lucrar com a “ameaça russa”

As tentativas da OTAN de igualar as ações da Rússia ao terrorismo internacional estão muito para além do razoável. Foi assim que o Ministério das Relações Exteriores da Rússia reagiu à nova porção de declarações antirrussas de Alexander Vershbow. As declarações do vice-secretário-geral da OTAN causaram uma reação semelhante na mídia ocidental.


Igor Siletsky | Voz da Rússia

A intensificada manipulação da opinião pública em que funcionários de Washington e da OTAN se têm empenhado recentemente é ditada por receios bem fundados, notou o porta-voz do Ministério do Exterior russo Alexander Lukashevich:

“A contribuição ativa da Rússia para os esforços internacionais para resolver a crise na Ucrânia, bem como a promoção pelo nosso país da agenda positiva nas relações internacionais em geral, podem minar o mito da suposta “ameaça russa” para a segurança dos países-membros da OTAN. Pois é justamente este postulado que é usado para justificar a necessidade de coesão da aliança com base em disciplina rigorosa no espírito da Guerra Fria, bem como a política adotada de expansão da infraestrutura da OTAN “para leste”, o aumento da presença militar do bloco perto das fronteiras russas. E contudo, são novamente ignorados os riscos para a segurança europeia que esses planos criam”.

Tal foi a resposta de Moscou ao discurso de Alexander Vershbow. Há dias, o vice-secretário-geral da OTAN comparou a política da Rússia às ações dos terroristas do grupo Estado Islâmico. Em suas palavras, “o revisionismo neo-soviético de Vladimir Putin e o terrorismo do EI têm suas caraterísticas distintivas. Mas eles compartilham métodos semelhantes – intimidação e violência – para alcançar um objetivo semelhante: a rejeição da democracia, da tolerância e da supremacia do direito como o padrão de ouro das relações internacionais”.

Esta passagem causou particular surpresa aos diplomatas russos. Como observou o Ministério das Relações Exteriores, é bastante estranho ouvir discursos sobre a necessidade de outros países respeitarem os “princípios básicos das relações internacionais” por parte do representante de uma organização que tem repetidamente negligenciado a Carta das Nações Unidas. Pois foi justamente sob os auspícios da OTAN que começaram operações militares no Iraque, Líbia e Afeganistão.

O chefe do Pentágono Chuck Hagel não ficou muito para trás de seu compatriota. Ele avisou os militares dos Estados Unidos para estarem preparados para “lidar” com o exército da Rússia, que está “às portas da OTAN”.

No entanto, ambas essas declarações foram feitas já depois da declaração do principal “pacificador”, prêmio Nobel da Paz – Barack Obama. Na Assembleia Geral das Nações Unidas o presidente dos Estados Unidos chamou a Rússia a segunda maior ameaça depois do vírus ebola. Assim que a chamada “ameaça russa” é hoje no Ocidente uma tendência que está na moda, diz o diretor do Instituto Internacional de Estados Recentes Alexei Martynov:

“Toda a mídia ocidental está sobrecarregada de retórica antirrussa – inclusive com histórias imaginárias sobre como a Rússia está fazendo algo militarmente na Ucrânia, como o furioso urso russo é perigoso para a Europa, para a OTAN. Nós entendemos que tudo isso tem um único objetivo: aumentar os orçamentos militares da OTAN”.

Deve-se dizer que nem toda a mídia ocidental se entusiasmou com propaganda antirrussa. Encontram-se também opiniões objetivas. Por exemplo, a publicação Imprensa Livre Tcheca (Czech Free Press) escreve: argumentar que a Rússia é uma ameaça que se aproximou das fronteiras da OTAN – apenas porque ela tem em seu próprio território um exército moderno, capaz de combater e capaz de repelir um possível ataque da América – só pode um instigado militante, um mentiroso ou um louco completo (ou talvez até “três em um”). E pessoas que aceitam e adotam tal retórica, infelizmente, também são chamados assim.

Segundo o autor do artigo, tudo sugere que os Estados Unidos ainda não abandonaram o seu plano louco de desencadear uma guerra local com a Rússia na Ucrânia ou nos países do Báltico, bem como baixar uma nova cortina de ferro entre a Europa e a Rússia, para se apropriar do mercado europeu e se livrar da competição russa. Mas como se costuma dizer, querer não é poder.



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