ONU não tolera sexo entre militares e haitianos, adverte comandante brasileiro

Relatório revela suposto envolvimento de militares com prostitutas e abusos sexuais de moradores locais


Jailton de Carvalho | O Globo

BRASÍLIA - Comandante da Missão de Paz no Haiti, o general José Luiz Jaborandy Júnior reagiu à divulgação de um relatório da ONU sobre suposto envolvimento de militares com casos de abusos sexuais de haitianos. O general disse que não teve acesso ainda ao documento, mas deixou claro que, se as acusações tiverem consistência, serão abertas as devidas investigações.

— Quando há denúncia de abuso sexual é aberta uma investigação pelo corpo civil e militar da missão. Em havendo indícios de relacionamento, consentido ou não, o processo é enviado para o país contribuinte da tropa. É o país que abre sua própria investigação e mantém a ONU informada — afirmou o general.


Comandante brasileiro José Luiz Jaborandy diz que ONU não tolera sexto entre militares e haitianos - Divulgação/Ministério da Defesa

A partir das denúncias, cabe às instituições de cada país determinar o grau de responsabilidade dos envolvidos e as devidas punições. As violações teriam ocorrido entre 2008 e 2013, ou seja, num período anterior a chegada de Jaborandy ao Haiti. O general, que assumiu o comando da Missão de Paz no início do ano passado, afirma, no entanto, que não aceita em hipótese alguma que integrantes das tropas mantenham relações sexuais com moradores locais — não importa idade ou sexo.

Segundo o general, esta é uma regra da ONU para todas as missões de paz e que ele, à frente da Missão no Haiti, exige rigoroso cumprimento das normas. Desde que assumiu o comando das tropas, não há denuncias de abusos sexuais.

— Existe na ONU um programa de tolerância zero (contra relacionamento sexual de integrantes da missão de paz com moradores locais) com o qual eu estou de acordo.Levamos isso extremamente a sério — afirmou.

O general reclamou ainda da divulgação de fotos de militares brasileiros para ilustrar reportagens sobre o relatório atribuído à ONU. Segundo ele, não há, até o momento, referência ao envolvimento de brasileiros nas violações. Ele lembra ainda que a Missão de Paz é formada por policiais e civis e não apenas por militares. Seria um erro, portanto, vincular as acusações exclusivamente a militares.

— Infelizmente, toda vez que fazem matéria se referem a tropas e colocam fotos de militares. A colocação de fotos de militares brasileiros, com a bandeira do Brasil, foi duplamente infeliz — queixou-se o general.

Trechos do relatório foram divulgados pela Reuters. O documento oficial só deve ser divulgado no próximo dia 16.


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