Rebeldes pró-Rússia assinam acordo de cessar-fogo com Ucrânia

Ucrânia, Rússia, OSCE e separatistas estão reunidos em Minsk.
Segundo fonte próxima à negociação, foram acertados 14 pontos.


Do G1, em São Paulo

A Ucrânia e os separatistas pró-Russia assinaram um acordo de cessar-fogo para o leste da Ucrânia que entrará em vigor às 18h locais (12h, no horário de Brasília) desta sexta-feira (5).

A informação divulgada por agências de notícias internacionais foi confirmada pelo presidente ucraniano Petro Poroshenko em sua conta no Twitter.

Em seguida, sua assessoria de imprensa disse que o presidente ordenou o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas para cessar as hostilidades a partir do horário combinado.

Representantes da Ucrânia, dos separatistas pró-Rússia, da Rússia e da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) começaram, nesta sexta, as conversas para tentar resolver o conflito no leste ucraniano. O encontro ocorre na capital da Bielorrússia, Minsk.

Mais tarde, Poroshenko disse que foram acordados 12 pontos para levar paz e estabilidade para as regiões do leste do país, em que a maioria da população fala russo, entre eles descentralização de poder, liberdade econômica, anistia e permissão para usar a língua de preferência. Estes pontos, segundo Poroshenko, serão implementados segundo um calendário definido.

O presidente também disse que a Ucrânia pode liberar prisioneiros na manhã deste sábado.

"Nós esperamos, no futuro próximo, a libertação de reféns, o que muito provavelmente deve acontecer amanhã", disse o presidente a jornalistas à margem da cúpula da Otan que é realizada no País de Gales.

Serhiy Taruta, governador da autoproclamada "República Popular de Donetsk", região palco de confrontos entre os separatistas e o exército ucraniano, também confirmou a assinatura do acordo e disse que estava esperando mais detalhes.

Repercussão

“O escritório presidencial russo saúda a assinatura do protocolo em Minsk”, disse o porta-voz de Putin, Dmitry Peskov, segundo a Interfax.

O porta-voz também disse que Moscou espera que o acordo alcançado seja observado com atenção por todas as partes e que o processo de negociação continue até que a crise na Ucrânia seja totalmente solucionada.

No entanto, um líder da auproclamada “República Popular de Lugansk”, Igor Plotnitsky, disse a jornalistas que o acordo acertado não muda a vontade dos rebeldes pró-Rússia de se separar de Kiev. "O cessar-fogo não significa o fim da nossa política de separação", afirmou.

As negociações em torno de um plano de paz mais amplo devem continuar.

"Todos vieram pela paz. Essa é a coisa mais importante - chegar a uma trégua", disse o ex-presidente ucraniano Leonid Kuchma logo antes da reuniao.

Em pronunciamento na televisão, o primeiro-ministro da Ucrânia, Arseny Yatseniuk, defendeu que o plano de paz inclua três pontos principais: um cessar-fogo, a retirada de "forças russas, bandidos russos e terroristas" e a restauração da fronteira da Ucrânia com a Rússia.

O primeiro-ministro britânico David Cameron também saudou o acordo de cessar-fogo, mas disse que a implementações de sanções contra a Rússia por parte da União Europeia devem continuar até que entre em vigor um plano de paz na região.

“O cessar-fogo é uma boa notícias. Eu acho que devemos olhar com cuidado para se o acordo é um cessar-fogo ou se também inclui um comprometimento... para um real progresso em um plano de paz apropriado, disse Cameron a jornalistas no País de Gales.

Combates

Forças ucranianas e rebeldes pró-Rússia entraram em confronto nesta sexta, a leste do estratégico porto de Mariupol, horas antes dos representantes ucranianos e russos, conforme previsto, anunciarem um cessar-fogo como um primeiro passo para um plano de paz mais abrangente.

Tiroteios voltaram a ser ouvidos também em Donetsk, o principal reduto dos rebeldes no leste da Ucrânia, perto do aeroporto da cidade, que permanece sob controle do governo.

A Ucrânia diz que suas forcas tentam repelir uma grande ofensiva dos rebeldes para tomar Mariupol, uma cidade portuária de cerca de 500 mil habitantes às margens do Mar de Azov, crucial por suas exportações de ferro. O porto fica quase a meio caminho entre a Rússia e região de Crimeia, anexada pelos russos.

"Nossa artilharia veio e está sendo mobilizada contra os rebeldes", disse o prefeito de Mariupol, Yuri Khotlubey, à TV ucraniana 112.

O porta-voz dos militares ucranianos, Andriy Lysenko, disse nesta sexta que cerca de 2 mil militares russos foram mortos até agora no conflito no leste do país, citando dados da inteligência.

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